Em Vale Travesso reunimos este Janeiro,
Com vinte voluntários e a família Alvim,
Havia que olhar o ano inteiro,
E o trabalho parecia não ter fim.
Ao ultrapassar o denso nevoeiro,
O coração aquecemos à lareira,
E tal como as galinhas se ordenam no poleiro,
Até nos arrumarmos foi a chilreadeira.
Interpretámos pés de acrílico pintados,
cada qual segundo o seu valor,
e todos assistimos encantados,
às partilhas de cada orador.
Entre frio, sonhos e mantas
cada um encontrou a sua paz,
era proibido ficar na cama até às tantas,
mas na Casa Velha tudo com paciência se faz.
Sábado crescia e o sol não raiava,
e com a bênção da chuva o nosso Pai nos brindava.
Ao Bom Pastor entregámos o cuidado da horta,
e dedicámo-nos ao que de Inacianidade importa,
até ao almoço ninguém disse “corta”,
por isso, é seguro dizer:
a Associação evitará a cepa torta.
Não houve sesta nem sinal de lamúria,
e com toda a simplicidade,
e um pingo de sobriedade,
convertemos ecologicamente a luxúria.
(A história da sopa fica por contar,
Há quem diga que estava de pasmar,
A verdade é que não sei ao certo,
Como é possível contá-la em verso.)
À noite foi a total rambóia,
Atenção, isto ficou para a história!
O Time’s Up nos reuniu,
E o sono lá virou festa,
Outro povo assistiu,
Ai, meu Deus, vai ser desta.
Entre palavras, mímicas e grunhidos,
adivinharam-se milagres, Kelly’s e micro-organismos,
sem esquecer o Vale, o Nepal e as Lavandette,
cada um desenhou no nada com a sua palette.
No Domingo a história foi outra,
Com os raios de sol cultivámos a oração,
E para que não fosse coisa pouca,
Em partilha abrimos o coração.
Foram dias de abrandar, preparar e parar,
Essenciais para reparar e recomeçar,
Tal como o Inverno faz a Primavera brotar,
Também o milagre da multiplicação não há-de cessar.
Casa Velha,
Ecologia e Espiritualidade,
Despertaste em mim toda esta Criatividade,
Entrego-te este testemunho cheio de Amor,
Contando as maravilhas do Bom Pastor.
Mike _ Miguel Lopes Dias