Chamo-me Pedro Franco e faço parte de um grupo da Associação Casa Velha, que se chama Atravessados, em homenagem à aldeia de Vale Travesso. Nos Atravessados, propomo-nos a encontrar-nos um fim-de-semana por mês na Casa Velha para rezar juntos e colaborar na missão, seja na quinta, seja na comunidade local, nos lares de idosos e de crianças, nas visitas às famílias e na paróquia. As circunstâncias do ano de 2020-2021 vieram limitar a nossa missão, mas surgiu, por outro lado, um tempo oportuno para avaliar mais profundamente um aspecto essencial desta Casa que nos congrega: o seu aspecto ecológico.
Assim, decidimos usar um recurso útil da Église Verte, o secretariado de Ecologia da Conferência Episcopal Francesa, e divulgado em Portugal pela Rede Cuidar da Casa Comum: o Ecodiagnóstico. Começámos por formar um pequeno grupo responsável por levar a cabo esta missão, à qual demos início em Novembro de 2020. Reunidas cinco pessoas motivadas para esta missão, começámos por adaptar este Ecodiagnóstico à realidade de uma casa que é partilhada por muitas pessoas, onde decorrem muitas actividades, mas onde vive também uma família. Concentrámo-nos em três áreas, das que são propostas por este recurso da Rede Cuidar da Casa Comum: o cuidado com os espaços físicos; o envolvimento local e global e os estilos e modos de vida.
Em cada uma destas áreas, há várias alíneas que mereciam reflexão, desde os consumíveis da casa, até à eficiência energética e envolvimento em campanhas ambientais. Para essa reflexão adoptámos os nossos critérios, alinhados com os objectivos do novo Plano Estratégico da Casa Velha para o período de 2020-2025. Assim, não só questionámos as boas práticas ecológicas e a centralidade da ecologia nas actividades e projectos da Casa, como procurámos identificar as pessoas responsáveis, propostas de objectivos práticos e coerência com os objectivos estratégicos, para que do diagnóstico passemos a uma mudança concreta e consistente.
Esta parte inicial do processo está em curso até ao Verão de 2021 e estamos conscientes de que não se esgotará no nosso pequeno grupo de missão. Assim, vamos alargar e adaptar este diagnóstico para a comunidade alargada, em forma de questionário, desafiando todos os que passaram pela Casa Velha a pensar no seu aspecto ecológico; vamos avaliar esta percepção geral; vamos reunir com os restantes responsáveis dos principais grupos da Casa Velha, desde a loja dos produtos Casa Velha até à coordenação de voluntários e família e, no final, com o apoio de outras pessoas e comunidades que estão neste processo de conversão ecológica, como a Comunidade de Jesuítas Pedro Arrupe, em Braga, passaremos à prática.
Este processo de conversão ecológica nunca terminará, mas este momento em que tentamos dar-lhe um maior impulso revela, de forma claríssima, a importância da comunidade nas mudanças estruturais de que necessitamos, muito ao espírito da encíclica Laudato Si’. Fazemo-lo, não por imposição ou inevitabilidade, mas porque, em louvor, estimamos esta terra que nos acolhe!
Pedro Franco, Atravessado