“Neste segundo ano do projeto EDxperimentar II, vivemos muitas experiências que mais uma vez nos surpreenderam pelo seu potencial criativo, colaborativo, e enraizador.
Começamos pelo fim. A 10 de Maio começámos a preparar o ano que viria (2024/2025) com as Conversas Desfiadas: “Educação para a Cidadania Ecologia – Que Lugares Escola?”. Juntámo-nos com as escolas com quem temos colaborado: a Secundária de Ourém (1) e a EB23 da Freixianda (1), o Colégio do Sagrado Coração de Maria de Fátima (3) e a Escola da Floresta (1), além da Casa Velha (3). A Sandra Serra, da Fundação Gonçalo da Silveira, ajudou-nos a pensar e guiar o encontro. Para começar propôs-nos fazer um exercício de reconhecimento do corpo, da história que nos antecede, uns dos outros e do que nos liga. Apresentámo-nos depois, e cada um falou de como entende que o lugar, a presença do contexto social, natural, cultural, no ensino, pode educar para o enraizamento local e a Cidadania Ecológica.
Fomos desafiados a identificar aprendizagens significativas vividas em contexto educativo ou de formação e a reconhecer o que as tinha tornado significativas: a metodologia, as relações, o contexto, …? Partilhámos a partir de desenhos, juntámos e organizámos as nossas ideias. Traduzimos essas ideias em recomendações que faríamos – a professores, a alunos, às famílias e comunidades escolares, a direções escolares, ao governo regional, nacional, internacional – para tornar as escolas lugares que educam para a cidadania ecológica. Foi uma tarde de muita sintonia, e sentimo-nos muito confirmados por desejos comuns, e por tanta complementaridade entre nós. Pocurámos começar a concretizar as colaborações que começámos tão bem a intuir. No ano 2024/2025 queremos dar continuidade ao que descobrimos aqui.
A 7 de Maio, organizámos uma aula na floresta para os alunos do 7º ano da Freixianda, com o professor Paulo, que participou na formação de Professores. Começámos vendados, a reconhecer o lugar a partir dos sons, dos cheiros, das texturas, que nos chegavam. Numa folha ia ficando registado o que nos rodeava. Depois, olhámos para essa folha e desenhámos as interações que sabíamos acontecer dentro da floresta, e também entre a floresta e o mundo. Pensámos então sobre o que empobrece a floresta, e por conseguinte o mundo, desenhamos cadeias de causa-consequência complicadas, mas isso também nos permitiu perceber modos de quebrar essas cadeias, prevenir, remediar, preservar. Foi assim que terminámos a aula a recolher pinhas, para o inverno, e a deixar a floresta um pouco mais robusta. Ficámos com muita vontade de conhecer mais florestas juntos e de continuar a aprender sobre como cuidar das nossas florestas e lutar contra os grandes incêndios.
De 20 a 22 de março, tivemos o primeiro laboratório residencial deste ano, com participantes do 12º ano, de escolas de Faro e da Covilhã. Nestes dias deixámo-nos atravessar pelo tema da interdependência, entre nós, e com o Mundo. Pusemos mãos na terra, refletimos, escutámo-nos, e desafiamo-nos uns aos outros a sonhar o nosso papel no mundo, através de debates e partilhas, mas também teatros, poemas, e jogos.
Mais uma vez, o aprofundamento das amizades, o contacto com natureza, e a diversidade entre nós, trouxe-nos muita esperança e desejo de fazer caminho.
De 9 a 10 de Fevereiro arrancou presencialmente, em formato residencial, uma formação para professores de Lisboa, Covilhã, Faro, e Ourém. Foram dias para (re)parar (parar, reparar, e cuidar), de dar asas à criatividade, e partilhar e potenciar o tanto que cada escola já faz no seu território.
No início de Fevereiro, alunos das Filipinas (Bendum) e do Colégio do Sagrado Coração de Maria de Fátima encontraram-se e partilharam o modo como as suas comunidades usam, cuidam e preservam a água. Nos dias seguintes, a Irene Guia ACI foi ao Colégio partilhar a sua missão junto de comunidades de refugiados.
E por fim, de 19 a 20 de Janeiro, veio uma turma da Secundária de Ourém à Casa Velha. Os alunos planearam o que fazer: limpar as ervas da eira e do anfiteatro, apanhar laranjas, apresentar um teatro às crianças da Escola da Floresta, visitar Vale Travesso a cantar as janeiras, organizar um serão musical, e fazer uma caminhada de recolha de lixo, aberta à comunidade. Foram testemunho de comunidade, serviço, e muita alegria.
Foi sem dúvida um ano de relações cada vez mais próximas e fecundas, de colaborações de complementaridade e criativas. Deixa novas sementes que queremos fazer crescer.