Na tarde de 17 de maio recebemos uma visita muito especial na Capela do Bom Pastor da Casa Velha: os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude 2023, a Cruz e o Ícone que há dois anos entraram no nosso país e têm percorrido todas as Dioceses de Portugal. Que grande surpresa, não pedimos esta visita, foi-nos proposta, simplesmente e alegremente pelos guardiões dos símbolos na nossa zona. Que bênção!
Com o espanto e a alegria de Zaqueu ao ouvir dizer a Jesus “desce depressa porque hoje quero ficar em tua casa, o pequeno e pouco fiável Zaqueu, cobrador de impostos, agradecemos este encontro. Com muito pouco tempo de pré-aviso, com uma ronda de telefonemas e pedidos de “passa a palavra”, marcaram presença diferentes grupos da comunidade local: pessoas do Vale Travesso e arredores, os idosos e técnicos do Lar da Fundação Agostinho Albano de Almeida, um grupo do CRIO (Centro de Reabilitação e Integração de Ourém), as crianças da Escola da Floresta em Vale Travesso, amigos Casa Velha, entre outros. Talvez este seja um dos maiores frutos da JMJ, provocar o encontro, ser lugar de relação, geradora de comunhão, paz e cuidado uns com os outros, para que todos se possam levantar, tomar parte.
Muitos de nós não conhecíamos o simbolismo da Cruz Peregrina! A Cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo. Desde aí, a Cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou aos cinco continentes e a quase 90 países. Tem sido encarada como um verdadeiro sinal de fé.
Foi transportada a pé, de barco e até por meios pouco comuns como trenós, gruas ou tratores. Passou pela selva, visitou igrejas, centros de detenção juvenis, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos e centros comerciais. No percurso enfrentou muitos obstáculos: desde greves aéreas a dificuldades de transporte, como a impossibilidade de viajar por não caber em nenhum dos aviões disponíveis.
Tem-se afirmado como um sinal de esperança em locais particularmente sensíveis. Em 1985, esteve em Praga, na atual República Checa, na altura em que a Europa estava dividida pela cortina de ferro, e foi aí sinal de comunhão com o Papa. Pouco depois do 11 de setembro de 2001, viajou até ao Ground Zero, em Nova Iorque, onde ocorreram os ataques terroristas que vitimaram quase 3000 pessoas. Passou também pelo Ruanda, em 2006, depois de o país ter sido assolado pela guerra civil.
E aqui estava ela hoje, recebida pelo Cristo Bom Pastor da Casa Velha, presente que acolhemos há uns anos, vindo do Iraque, dos escombros do Mosteiro de Santa Bárbara em Qaraqosh.
Foi com o coração compadecido e feliz que esta tarde rezámos juntos os “Mistérios JMJ” tomando o convite que o Papa Francisco nos lança: acordar, acolher Jesus na tua vida, caminhar com Ele pelas estradas do mundo, seguir os seus passos e a sua entrega até ao fim e mostrar a todos a alegria de crer e de viver.
Que, como “Maria, que se levantou e partiu apressadamente” (este é o lema da JMJ2023), possamos guardar memória agradecida deste pequeno grande encontro que ligou tantas realidades, perto e longe, de ontem, de hoje, de amanhã.
Louvado seja Deus!
Margarida Alvim
Casa Velha, 17 de Maio de 2023