Ano de 24|25 no EDxperimentar II

Este foi o último ano de 6 anos do projeto EDxperimentar, e foi um ano particularmente rico, em que finalmente se colheram vários frutos do que se semeou ao longo dos anos de trabalho com as escolas. Neste artigo vamos falar dos momentos que mais marcaram o ano.

Entre fevereiro e Março as três turmas do 9º ano do Colégio do Sagrado Coração de Maria prepararam a conversa online com as Filipinas, Bendum, que viria a acontecer em Abril. 

A conversa focou-se nas tradições rurais, um tema muito certeiro, que permitiu uma partilha muito, muito, rica!

(Fotografia 1: Agradecimento final)

Antes de mais, vimos o vídeo ( https://www.youtube.com/watch?v=y-mi4cdiJ8U ), feito pelos alunos do Apu Palamgwan Center, para percebermos melhor com quem íamos falar… Alunos duma comunidade indígena, com uma vida rural, nas Filipinas!  Começámos logo a perceber os contrastes entre a nossa vida e a deles.

Para prepararmos a nossa apresentação aos alunos de Bendum, cada aluno começou por escrever num post-it o seu lugar preferido de Fátima, ou de outro sítio que trazia na memória.  Seria a partir desses lugares, ou pessoas e atividades que nos são queridas, que nos iriamos apresentar aos alunos do outro lado do mundo.

(Fotografia 2: Alunos de Bendum a cantar e dançar um cântico tradicional)

Quisemos também incluir, na nossa apresentação sobre Fátima, informações sobre os desafios da região : falámos dos incêndios, do abandono rural, do uso da tecnologia que nos distancia da natureza e das pessoas, e de muitos outros temas.

E por fim, procurámos identificar as antigas tradições rurais da região – trabalhos no campo, celebrações, canções, danças -, praticadas ainda por muitos dos nossos avós…   Em casa, alguns alunos entrevistaram os mais velhos, outros procuraram objetos (ferramentas agrícolas, jogos, vestes…!), e outros, ainda, ensaiaram cantos e danças do rancho! 

(Fotografia 3: Aluna de Fátima a mostrar o saco do pão por Deus e a explicar a tradição)

No dia da conversa foi uma alegria não só partilhar a nossa vida em Fátima, mas também ouvir os alunos de Bendum cantar os seus cânticos tradicionais, conhecer as suas histórias pessoais, em ouvi-los expressar a sua alegria por viverem juntos na comunidade, na terra que amam e conhecem intimamente. 

Falaram na reverência e gratidão pela terra, no alegria da vida em comunidade e do sentido de pertença, na identidade e valores indígenas.

(Fotografia 4: aluno de Bendum a explicar o simbolismo das cores do colar usado em celebrações)

Os alunos de Fátima, na avaliação escreveram frases que não resistimos em transcrever:

“Existem muitas coisas da cultura rural que as pessoas não conhecem mas que têm muita importância para o nosso dia-a-dia”.

“Precisamos da agricultura e do mundo rural, -não comemos cimento!”,- “é a base de tudo”.

“Temos de a valorizar mais e devemo-nos preocupar mais com ela, conhecer e preservar os conhecimentos e valores antigos muito bons”.

“É magico conhecer outras culturas, tão diferentes da nossa… Fez me perceber que o mundo é tão pequeno e mesmo assim consegue ser tão incrível!!

“Percebi que nem todas as pessoas vivem da mesma maneira”, “que ha maneiras de lidar com a realidade totalmente diferentes da nossa.”, “que posso aprender muito com pessoas de sítios diferentes“, “que existe um mundo muito mais vasto lá fora do que as tecnologias nos mostram!”.

“Senti muita curiosidade e vontade de descobrir mais”

“A nossa história e cultura faz de nós, hoje e sempre, únicos. Partilharmos culturas fez me sentir honrada”

(Fotografia 5: Despedida)

Entre 26 e 28 de fevereiro, 7 alunos (12º ano) da Escola Secundária do Lumiar e 12 alunos (11º ano) da Escola Secundária Jácome Ratton (Tomar!), acompanhados por um(a) professor(a) de cada escola estiveram na Casa Velha, a trabalhar os Direitos Humanos.

Na manhã de 27, começámos por aproveitar a aberta (não choveu por uma hora!), e demos um passeio pela Casa Velha, e, como já é tradição nestes encontros, recolhemos, por duplas, uma textura, uma cor, um som e um cheiro (sem ajudas de telemóveis!).  

Para aprender sobre Direitos Humanos começámos por perguntar o que é necessário para ter uma vida inteira, digna. Seguindo uma metáfora de flor, perguntámos; quais são as pétalas de uma vida digna? De que maneira estamos interligados e podemos apoiar ou impedir o florescimento uns dos outros? Não só dos que estão mais perto de mim, mas – se tudo está ligado – do meu país, do mundo?

Na tarde de 27, os alunos fizeram trabalhos de sensibilização à volta dos direitos humanos que mais os tocavam – a educação de qualidade, o emprego justo e a igualdade de género, o direito à liberdade de expressão e religião, o direito à Saúde, à Alimentação e ao Vestuário, e o direito à Habitação. 

Formando grupos de acordo com os direitos que escolheram, fizeram poemas, canções, quizzes, teatros, debates, e no final, apresentaram ao grupo inteiro.

Na manhã de 28, a partir da reflexão e dos trabalhos dos dias anteriores, foram desafiados a montar uma exposição que pudessem levar de volta para as suas escolas e sensibilizar quem a visse.

Fizeram então um estendal de T-shirts que representavam os Direitos Humanos que devem (re)vestir cada ser humano, que devemos garantir uns aos outros. 

Aproveitando os trabalhos anteriores, ilustraram as suas ideias nas T-shirts, escreveram as letras das músicas, e mais tarde viriam a acrescentar à exposição o quizz realizado sobre vários dos Direito trabalhados em Portugal e no mundo.


Um mês depois a exposição foi montada com toda a turma (incluindo alunos que não vieram à Casa Velha) na escola de Tomar, e escreveram na folha de sala o seguinte:

“Termos participado nesta atividade foi como vestir uma destas T-shirts que pintámos. Pois sentimo-nos envolvidos, interpelados, cativados, para aprender mais sobre os Direitos Humanos. 

Fomos motivados porque pudemos ser nós próprios a investigar, 

Fomos inspirados porque saímos da nossa zona de conforto, através de expressão pela arte, de proximidade à natureza e, sobretudo, de novas amizades. 

Aprendemos muito sobre os Direitos Humanos nas relações que vivemos: foi essencial ultrapassar preconceitos e valorizar o que cada um(a) tinha de único. Aí, quando acolhemos realmente a diversidade, começamos a aprender uns com os outros, construimos união, e o respeito da dignidade de cada um(a).

Apesar de todos merecermos os mesmos direitos, ainda há no nosso século muitos direitos que são violados.

É por isso que a defesa dos direitos, a luta, e a comunicação dos mesmos é importante.

E é por isso que fizemos esta exposição, que te convidamos a explorar, além do quiz, que te permitirá descobrir mais sobre os direitos humanos em Portugal.”

Entre 22 e 23 de abril, tivemos, pela primeira vez, três escolas de perto de Ourém na Casa Velha! Este foi o último dos 6 maravilhosos Laboratórios Juvenis que fomos tendo o privilégio de proporcionar ao longo dos 3 anos do EDxperimentar II. Vieram 19 alunos do 9º ano: 6 do Colégio do Sagrado Coração de Maria, 6 da Secundária de Ourém, e 7 da EB da Freixianda, acompanhados por professores de cada escola. 

Este laboratório foi sobre o Cuidado da Casa Comum, num processo guiado pelos 6 pilares da Casa Velha. O nome e tema do laboratório foi “Da Minha Terra à Nossa Terra”.

Inspirados pelo pilar “Viver Abertos e Disponíveis”, começámos por ir até ao Anfiteatro e fizemos, vendados, uma meditação que nos ligou à vida que nos rodeia e sustenta. Por duplas partilhámos as memórias de outros lugares que nos surgiram, e que nos sustentam de alguma forma.

Ouvimos esta adaptação do parágrafo 84 da Laudato Si 

“Todo o universo material é uma linguagem do [seu] amor, do seu carinho sem medida por nós. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia [do Universo]. A história [de cada um] desenrola-se sempre num espaço geográfico que se torna um sinal muito pessoal, e cada um de nós guarda na memória lugares cuja lembrança nos faz muito bem. Quem cresceu no meio de montes, quem na infância se sentava junto do riacho a beber, ou quem jogava numa praça do seu bairro, quando volta a esses lugares sente-se chamado a recuperar a sua própria identidade.” 

No fim, como forma de agradecer o que tínhamos partilhado, juntámos num mural pequenos símbolos (pedras, ramos, flores, apanhadas no caminho) do que tínhamos recordado.

Inspirados então no pilar “viver em verdade”, fizemos juntos um Climate Fresk”, que nos permitiu olhar para a crise climática nas suas dimensões naturais e sociais, perceber melhor a sua raiz humana, e perguntamo-nos como podíamos viver mais “em comunhão” e “com pouca tralha”. 

Foi lançado o desafio a cada um de escrever num papel um compromisso, e de o acrescentar ao mural do agradecimento. 

Da gratidão nasce a intenção de cuidar! E foi também nesta linha que se formaram 5 equipas, que, durante estes dois dias, foram muito diligentes a cuidar das tarefas necessárias. 

(Climate Fresk)

Na manhã seguinte trabalhámos juntos no jardim-labirinto da Casa Velha, que outros grupos, em anos anteriores, já ajudaram a plantar! E porque, como sempre na Natureza, depois de semear é preciso esperar, mas numa espera vigilante e ativa, que vai garantindo que a planta recebe a luz e os nutrientes que precisa, tinha chegado a hora de limpar o denso mato crescido no jardim. É (também) isto “Viver sabendo esperar”!

(Fotografia de Grupo no anfiteatro, ao lado do jardim labirinto)

Além de lançar as mãos à terra, “lançou-se” também a imaginação à terra: “Comprometidos e Atentos”, pensando nos lugares e pessoas queridos, e nas realidades que mais os afetam, fizeram-se desenhos, teatros, e mesmo uma música, de sensibilização sobre esses lugares. 

Divididos em 5 grupos, os alunos trabalharam sobre a poupança de água, o desperdício de energia, o hiper-consumo, a importância de transportes alternativos aos carros, e os incêndios florestais.

Trabalhar com várias escolas da região foi particularmente importante, e permitiu-nos dar mais um passo para a Casa Velha ser um lugar de portas abertas para as escolas, onde as crianças e adolescentes têm um espaço onde são acolhidas e fazem parte, um espaço que sentem como sendo delas, onde se podem relacionar com confiança e liberdade, respeito e responsabilidade.

O projeto acaba este ano, mas as relações tecidas e o desejo e planos de caminho conjunto continuam vivas.

Ano de 2023-2024 no EDxperimentar II

“Neste segundo ano do projeto EDxperimentar II, vivemos muitas experiências que mais uma vez nos surpreenderam pelo seu potencial criativo, colaborativo, e enraizador.

Começamos pelo fim. A 10 de Maio começámos a preparar o ano que viria (2024/2025) com as Conversas Desfiadas: “Educação para a Cidadania Ecologia – Que Lugares Escola?”. Juntámo-nos com as escolas com quem temos colaborado: a Secundária de Ourém (1) e a EB23 da Freixianda (1), o Colégio do Sagrado Coração de Maria de Fátima (3) e a Escola da Floresta (1), além da Casa Velha (3). A Sandra Serra, da Fundação Gonçalo da Silveira, ajudou-nos a pensar e guiar o encontro. Para começar propôs-nos fazer um exercício de reconhecimento do corpo, da história que nos antecede, uns dos outros e do que nos liga. Apresentámo-nos depois, e cada um falou de como entende que o lugar, a presença do contexto social, natural, cultural, no ensino, pode educar para o enraizamento local e a Cidadania Ecológica.

Fomos desafiados a identificar aprendizagens significativas vividas em contexto educativo ou de formação e a reconhecer o que as tinha tornado significativas: a metodologia, as relações, o contexto, …? Partilhámos a partir de desenhos, juntámos e organizámos as nossas ideias. Traduzimos essas ideias em recomendações que faríamos – a professores, a alunos, às famílias e comunidades escolares, a direções escolares, ao governo regional, nacional, internacional – para tornar as escolas lugares que educam para a cidadania ecológica. Foi uma tarde de muita sintonia, e sentimo-nos muito confirmados por desejos comuns, e por tanta complementaridade entre nós. Pocurámos começar a concretizar as colaborações que começámos tão bem a intuir. No ano 2024/2025 queremos dar continuidade ao que descobrimos aqui.

A 7 de Maio, organizámos uma aula na floresta para os alunos do 7º ano da Freixianda, com o professor Paulo, que participou na formação de Professores. Começámos vendados, a reconhecer o lugar a partir dos sons, dos cheiros, das texturas, que nos chegavam. Numa folha ia ficando registado o que nos rodeava. Depois, olhámos para essa folha e desenhámos as interações que sabíamos acontecer dentro da floresta, e também entre a floresta e o mundo. Pensámos então sobre o que empobrece a floresta, e por conseguinte o mundo, desenhamos cadeias de causa-consequência complicadas, mas isso também nos permitiu perceber modos de quebrar essas cadeias, prevenir, remediar, preservar. Foi assim que terminámos a aula a recolher pinhas, para o inverno, e a deixar a floresta um pouco mais robusta. Ficámos com muita vontade de conhecer mais florestas juntos e de continuar a aprender sobre como cuidar das nossas florestas e lutar contra os grandes incêndios.
De 20 a 22 de março, tivemos o primeiro laboratório residencial deste ano, com participantes do 12º ano, de escolas de Faro e da Covilhã. Nestes dias deixámo-nos atravessar pelo tema da interdependência, entre nós, e com o Mundo. Pusemos mãos na terra, refletimos, escutámo-nos, e desafiamo-nos uns aos outros a sonhar o nosso papel no mundo, através de debates e partilhas, mas também teatros, poemas, e jogos.
Mais uma vez, o aprofundamento das amizades, o contacto com natureza, e a diversidade entre nós, trouxe-nos muita esperança e desejo de fazer caminho.
De 9 a 10 de Fevereiro arrancou presencialmente, em formato residencial, uma formação para professores de Lisboa, Covilhã, Faro, e Ourém. Foram dias para (re)parar (parar, reparar, e cuidar), de dar asas à criatividade, e partilhar e potenciar o tanto que cada escola já faz no seu território.
No início de Fevereiro, alunos das Filipinas (Bendum) e do Colégio do Sagrado Coração de Maria de Fátima encontraram-se e partilharam o modo como as suas comunidades usam, cuidam e preservam a água. Nos dias seguintes, a Irene Guia ACI foi ao Colégio partilhar a sua missão junto de comunidades de refugiados.
E por fim, de 19 a 20 de Janeiro, veio uma turma da Secundária de Ourém à Casa Velha. Os alunos planearam o que fazer: limpar as ervas da eira e do anfiteatro, apanhar laranjas, apresentar um teatro às crianças da Escola da Floresta, visitar Vale Travesso a cantar as janeiras, organizar um serão musical, e fazer uma caminhada de recolha de lixo, aberta à comunidade. Foram testemunho de comunidade, serviço, e muita alegria.

Foi sem dúvida um ano de relações cada vez mais próximas e fecundas, de colaborações de complementaridade e criativas. Deixa novas sementes que queremos fazer crescer.

Angariação de fundos – Colónia aTerra 2024

O verão está a chegar e com ele chega também a nossa Colónia de Férias aTerra, promovida há 9 anos para crianças e adolescentes do concelho de Ourém.

A Colónia aTerra acolhe todos os anos cerca de 80 crianças e adolescentes dos 5 aos 16 anos, vindos de Vale Travesso, Ourém e arredores.  De uma forma muito simples e aberta a proposta é proporcionar, durante uma semana, uma experiência de relação com a natureza e uns com os outros, guiados pelos valores da Casa Velha (viver agradecidos, atentos, comprometidos, com pouca tralha, alegres, em verdade, em comunhão). A equipa responsável por esta missão é composta por 20 a 25 jovens animadores voluntários, vários dos quais foram animados no passado na colónia aTerra.

Ao longo dos anos, de forma a poder integrar participantes que não podem pagar inscrição e cobrir os custos dos animadores voluntários, tem sido essencial o apoio dos Amigos Casa Velha. Nesse sentido, lançamos uma campanha de angariação de fundos e apelamos à generosidade daqueles que acompanham e apoiam a nossa missão, para que mais crianças e adolescentes possam viver esta experiência marcante.

FORMAS DE APOIAR

  • Apoie a participação de uma criança/adolescente numa semana de Colónia aTerra – 65 euros
  • Apoie com um valor à sua escolha

Para apoiar poderá fazer uma transferência para o NIB 0033 0000 45430443828 05, indicando na descrição “Angariação de Fundos 2024”. Para efeitos de recibo de donativo, e caso o pretenda, envie por favor e-mail para casavelha@casavelha.org com o seu Nome, NIF e localidade fiscal. Fruto do nosso reconhecimento como Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), o apoio financeiro que nos possam dar poderá ser objeto de recibo de donativo com benefício fiscal no IRS do próximo ano.

Obrigado por apoiar a Colónia aTerra!

Formação EDxperimentar na Casa Velha

Já estão abertas as inscrições para o Curso de Formação EDxperimentar – Percursos de Cidadania e Desenvolvimento em meio escolar.

Este curso pretende ser um espaço de partilha de práticas, de aprendizagem individual e coletiva para membros das comunidades educativas das escolas associadas ao projeto EDxperimentar que tenham interesse nas temáticas, metodologias e abordagens da Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global (EDECG) como apoio para as práticas educativas que se integram na componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento.

curso terá início já nos próximos dias 9 e 10 de fevereiro, 6ª feira e sábado, com dois dias de trabalho em formato residencial imersivo onde se pretende juntar, na Casa Velha, os e as docentes que queiram participar. O projeto assegurará as despesas de deslocação, alojamento e alimentação de todas as pessoas participantes.

Após este momento inicial em formato residencial, o Curso de Formação contará com:

  • 2 sessões coletivas em formato online, nos dias 13 de março e 22 de maio.
  • Uma sessão coletiva de trabalho presencial por território durante abril ou maio.
  • 2 sessões de trabalho assíncrono individuais, com um total de 5 horas, entre fevereiro e maio.

As inscrições estão abertas até ao próximo dia 2 de fevereiro, 6ª feira, através do seguinte formulário: https://bit.ly/CF_EDxperimentar

Uma explicação mais detalhada sobre o Curso de Formação pode ser encontrada no documento que se segue:

Este curso de formação, com o registo CPFC/ACC-122561/24 pelo CCPFC, decorre de uma parceria entre a Associação de Professores de Geografia/CFPOR e a Fundação Gonçalo da Silveira.

Obrigado!

No passado mês de dezembro, e no âmbito da iniciativa Presentes Solidários da Fundação Fé e Cooperação, lançámos uma campanha intitulada – Gotas de água – para reunir fundos para um sistema integrado de água na Casa Velha.

Graças ao contributo generoso de muitas pessoas foram oferecidos 276 presentes solidários, feitos vários donativos para esta campanha e foi possível reunirmos um total de 3.398 euros.

Obrigado pelo vosso apoio, agora é pôr o projeto em prática!

Outono ao ritmo da terra

Ao Ritmo da Terra são fins de semana para experimentar viver ao ritmo das estações do ano a partir da oração, contemplação e reflexão e do cuidado da terra. Incluem trabalhos variados no campo como limpeza, manutenção, construção. Partilhamos o testemunho da Maria João Costa que participou no fim-de-semana Ao Ritmo da Terra – Outono que se realizou entre 10 e 12 de novembro:

Os meus avós nasceram no Alentejo. Desde cedo me contavam o quão duro e desvalorizado é o trabalho no campo. Ainda hoje vejo a história desse trabalho nas suas mãos grossas e doridas.
Quando me convidaram para o fim de semana “rezar ao ritmo da terra”, em que uma das principais atividades seria o trabalho na terra, fiquei um pouco de pé atrás. Pensei que seria só mais uma tentativa dos meninos da cidade irem “brincar” ao trabalho no campo. Sujar as unhas de terra, com umas beatices pelo meio.
Rapidamente me apercebi de que seria algo mais exigente do que isso. Foi-nos proposto uma entrega ao campo. À terra. A esta, dávamos o nosso trabalho e paciência, que por sua vez nos retribuia com sustento para o jantar.
Este trabalho exigia que deixássemos o nosso ritmo frenético da cidade e ouvíssemos cada folha a cair. Tínhamos acabado de criar a sinfonia perfeita entre o ser e a terra.
O fim de semana acabou. De volta ao dia a dia. A verdade é que, ainda não sabia como viver o que tinha aprendido ali. Até que dei por mim a caminhar com dores, enormes dores, nas costas, nas pernas nos pés, nas mãos. Já não conseguia andar depressa. Agradeço a este fim por isso.

Um testemunho da Maria João Costa, natural de Torres Vedras

Uma visita especial

Na tarde de 17 de maio recebemos uma visita muito especial na Capela do Bom Pastor da Casa Velha: os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude 2023, a Cruz e o Ícone que há dois anos entraram no nosso país e têm percorrido todas as Dioceses de Portugal. Que grande surpresa, não pedimos esta visita, foi-nos proposta, simplesmente e alegremente pelos guardiões dos símbolos na nossa zona. Que bênção!

Com o espanto e a alegria de Zaqueu ao ouvir dizer a Jesus “desce depressa porque hoje quero ficar em tua casa, o pequeno e pouco fiável Zaqueu, cobrador de impostos, agradecemos este encontro. Com muito pouco tempo de pré-aviso, com uma ronda de telefonemas e pedidos de “passa a palavra”, marcaram presença diferentes grupos da comunidade local: pessoas do Vale Travesso e arredores, os idosos e técnicos do Lar da Fundação Agostinho Albano de Almeida, um grupo do CRIO (Centro de Reabilitação e Integração de Ourém), as crianças da Escola da Floresta em Vale Travesso, amigos Casa Velha, entre outros. Talvez este seja um dos maiores frutos da JMJ, provocar o encontro, ser lugar de relação, geradora de comunhão, paz e cuidado uns com os outros, para que todos se possam levantar, tomar parte. 

Muitos de nós não conhecíamos o simbolismo da Cruz Peregrina! A Cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo. Desde aí, a Cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou aos cinco continentes e a quase 90 países. Tem sido encarada como um verdadeiro sinal de fé.

Foi transportada a pé, de barco e até por meios pouco comuns como trenós, gruas ou tratores. Passou pela selva, visitou igrejas, centros de detenção juvenis, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos e centros comerciais. No percurso enfrentou muitos obstáculos: desde greves aéreas a dificuldades de transporte, como a impossibilidade de viajar por não caber em nenhum dos aviões disponíveis.

Tem-se afirmado como um sinal de esperança em locais particularmente sensíveis. Em 1985, esteve em Praga, na atual República Checa, na altura em que a Europa estava dividida pela cortina de ferro, e foi aí sinal de comunhão com o Papa. Pouco depois do 11 de setembro de 2001, viajou até ao Ground Zero, em Nova Iorque, onde ocorreram os ataques terroristas que vitimaram quase 3000 pessoas. Passou também pelo Ruanda, em 2006, depois de o país ter sido assolado pela guerra civil.

E aqui estava ela hoje, recebida pelo Cristo Bom Pastor da Casa Velha, presente que acolhemos há uns anos, vindo do Iraque, dos escombros do Mosteiro de Santa Bárbara em Qaraqosh.

Foi com o coração compadecido e feliz que esta tarde rezámos juntos os “Mistérios JMJ” tomando o convite que o Papa Francisco nos lança: acordar, acolher Jesus na tua vida, caminhar com Ele pelas estradas do mundo, seguir os seus passos e a sua entrega até ao fim e mostrar a todos a alegria de crer e de viver. 

Que, como “Maria, que se levantou e partiu apressadamente” (este é o lema da JMJ2023), possamos guardar memória agradecida deste pequeno grande encontro que ligou tantas realidades, perto e longe, de ontem, de hoje, de amanhã. 

Louvado seja Deus!

Margarida Alvim

Casa Velha, 17 de Maio de 2023