Ser Casa Velha

Uma fotografia, por Madalena Meneses

Uma fotografia, por Madalena Meneses

Exposição Casa Velha30 maio — 8 junho 2019Livraria Ler Devagar, LxFactory, Lisboa «Querida Casa Velha,É tão especial aquele último virar...
Uma vivência, por Laura Marques

Uma vivência, por Laura Marques

No momento favorável, eu te ouvi, no dia da salvação, eu te socorri. Este é o tempo favorável, este é...
Uma relação, por p. Pedro Walpole, sj

Uma relação, por p. Pedro Walpole, sj

A Casa Velha é uma paisagem panorâmica de relações, muito real e tangível, em que toda a terra e a...
Uma música, por p. Frederico Cardoso Lemos, sj

Uma música, por p. Frederico Cardoso Lemos, sj

Franz Schubert, Sonata nº 20 D. 959, II. Andantino Há na Casa Velha um piano que veio de longe, trazido...
Uma metáfora, por Joana Rigato

Uma metáfora, por Joana Rigato

Diz-nos Jesus que o Reino de Deus é como um grão de mostarda que depois cresce, cresce, cresce até se...
Uma inspiração, por Henrique Alvim d’Orey

Uma inspiração, por Henrique Alvim d’Orey

Ao amanhecer, com o sol a iluminar e a trazer alegria à casa, os pássaros começam a cantar. Abrimos as...
Regresso a uma casa que sinto como minha, por Nuno Oom

Regresso a uma casa que sinto como minha, por Nuno Oom

Foi um regresso a uma casa que sinto como minha, para concretizar uma vontade surgida há 7 anos, numa conversa...
Como sonho e missão de “espiritualidade e ecologia”, vi e senti a Casa Velha, por p. José Frazão Correia, sj

Como sonho e missão de “espiritualidade e ecologia”, vi e senti a Casa Velha, por p. José Frazão Correia, sj

i. Casa de família sempre aberta para acolher e para deixar ir: máximo de acolhimento e mínimo de exigências. ii...

Tive a sorte de nascer na Casa Velha, numa família que nos ajudou a crescer em boa terra. Na passagem para a vida adulta, indo para Lisboa para fazer os estudos universitários em Engenharia Florestal, conheci os Exercícios Espirituais de Santo Inácio . A minha vida não seria o que é hoje sem esta experiência, atrevo-me a dizer que a Casa Velha de hoje não existiria.

A nova Casa Velha surgiu a partir de um tempo de crise, da quinta e do território rural em que se insere, e também dos que dela cuidavam. Decidir cuidar da Casa Velha e das pessoas foi algo que foi sendo trabalhado com os Exercícios Espirituais que passei a fazer todos os anos. O sim à Casa Velha, tem gerado tantos sins, tanta vida, tantos sins de outros. Não é um sim voluntarista e assente nas nossas capacidades, mas sim uma resposta a um convite que nos é feito, na confiança de que da nossa parte cabe-nos cuidar, estar. Cuidar desta casa e desta Comunidade, com a consciência de que cuidamos o Todo.

Cuidar porque somos cuidados, a partir do espanto e reverência pela vida, a partir de uma experiência de reencontro e pacificação gera a esperança, a atenção, a alegria, (co)move-nos para a ação. É assim possível entender e viver a fragilidade que nos leva à interdependência, partilha, aprendendo a viver juntos, na diversidade de capacidades e limites. Mais do que o que alcançamos, descobrimos o valor do caminho que fazemos, sabendo esperar uns pelos outros.

A Casa Velha é um ponto de abrigo que nos lança ao caminho. Aqui está a Ecologia e Espiritualidade que experimentamos e que tentamos que outros vivam, através das diferentes atividades que propomos e acolhemos. Desde cedo que integramos no programa da casa Exercícios Espirituais e todos os anos participam cerca de 30 pessoas. Poder acompanhar e fazer caminho com outros faz parte hoje da minha missão na Casa Velha e é algo que me enche de alegria, como quem partilha um grande presente, que não pode não partilhar. Este Lugar é de facto catalisador de conversão ecológica, pela sua história, pela natureza, por todas as relações que aqui se tecem e são raiz para todos, a partir da qual cada um pode caminhar e cuidar da sua própria realidade, como sal da Terra.

Margarida Alvim
Cofundadora da Associação Casa Velha